O Sorocaba Solidária é um projeto desenvolvido no início da pandemia de Covid-19 para garantir renda a 20 mil famílias sorocabanas em vulnerabilidade social, com valores entre R$ 200 e R$ 400 por mês. O projeto pode ser financiado de quatro formas: 1) recursos próprios da Prefeitura de Sorocaba; 2) recurso dos governos estadual e federal; 3) empréstimos a bancos públicos; e 4) doação de empresários. “Levei o projeto ao prefeito de Sorocaba, que ignorou”, explica Raul Marcelo.
A resposta da Prefeitura de Sorocaba à crise do coronavírus é lenta, incerta e, em larga medida, omissa. Em vez de disponibilizar recursos próprios, a Prefeitura optou por promover uma campanha de arrecadação, por meio da Secretaria de Cidadania.
Além de a ajuda ficar restrita a alimentos, ignorando outras carências das famílias – como remédios e produtos de higiene –, a distribuição das cestas básicas depende em 100% de doações feitas por empresas e pessoas da comunidade.
Em vez de políticas públicas bancadas com dinheiro do orçamento municipal – que nesses momentos pode e deve ser usado para amenizar o sofrimento da população –, o que se vê é um arremedo de solução em que o poder público exerce o papel de mero intermediário, transferindo para a população a responsabilidade de assegurar a alimentação das famílias carentes. Como parte dessa postura, caixas coletoras foram dispostas em supermercados e outros pontos, para que os sorocabanos doem alimentos.
Se depender do projeto de enfrentamento à crise esboçado pelo governo de Jaqueline Coutinho, os sorocabanos que ficarem sem trabalho e renda nos próximos meses e que não integram o cadastro do Bolsa Família terão de se virar sem sequer uma cesta básica da Prefeitura para alimentar a si próprios e às suas famílias.