​​Prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga aciona novamente Tribunal de Justiça para censurar redes sociais de vereador de oposição por críticas ao seu governo

O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) analisou, nesta segunda-feira (9/6), o recurso de uma ação movida pelo prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), conhecido como prefeito “TikToker”, contra o vereador Raul Marcelo (PSOL). No processo, Manga — que já havia sido derrotado em primeira instância — tenta censurar e bloquear as redes sociais do parlamentar, que tem denunciado graves irregularidades envolvendo a atual gestão da Prefeitura de Sorocaba.

Durante a sessão no TJSP, o desembargador-relator Mário Devienne Ferraz retirou o processo de pauta para reavaliar o caso com base nos argumentos da defesa de Raul Marcelo. A análise será retomada em breve, após um exame mais aprofundado das alegações apresentadas. Por outro lado, o promotor de Justiça Rodrigo Canellas Dias acolheu a tese da defesa do prefeito.

Segundo Raul Marcelo, essa ação representa uma tentativa explícita de silenciar a atuação da oposição e impedir que a população tenha acesso a informações importantes sobre a condução do prefeito “TikToker”. “Tentar censurar a atuação de um vereador que cumpre seu papel de fiscalizar o poder público é um atentado direto à democracia. Todas as postagens que fiz estão amparadas pela Constituição Federal, que garante a liberdade de expressão e o direito de criticar os gestores públicos. O prefeito Rodrigo Manga quer calar as denúncias, mas não vai calar a verdade”, afirma o parlamentar.

No processo, o prefeito de Sorocaba solicita o bloqueio das redes sociais onde Raul Marcelo compartilhou reportagens jornalísticas publicadas em portais locais. Entre as publicações que o prefeito “TikToker” menciona na ação estão manchetes como “Gaeco pede condenação de secretário e ex-secretário de Sorocaba em ação sobre compra de prédio com suspeita de superfaturamento” e “Justiça bloqueia bens do prefeito de Sorocaba e afasta secretário de Educação após compras de kit robótica”.

Raul Marcelo reforça que nunca usou suas redes para disseminar mentiras. “Ao contrário, já fui e continuo sendo alvo de fake news na internet”, declara. Para o vereador do PSOL, o processo visa calar as críticas sobre os sucessivos escândalos na gestão municipal. “Em dois mandatos de Manga à frente da Prefeitura de Sorocaba, diversos contratos estão sob investigação da Polícia Federal, Polícia Civil, Ministério Público e Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). O caso do Kit Robótica, que custou mais de R$ 26 milhões, levou ao bloqueio dos bens pessoais do prefeito. Aliás, ele está com as contas pessoais bloqueadas há dois anos”, lembra.

Raul lembra da sua denúncia que levou a Polícia Federal, em abril de 2025, a bater na porta da casa do prefeito “TikToker”. A investigação “Copia e Cola” trata de um contrato milionário no valor de R$ 123 milhões, firmado entre a Prefeitura de Sorocaba e uma organização social contratada para administrar a UPA do Éden e a UPH Zona Oeste. A denúncia aponta indícios de irregularidades graves na contratação e reforça o compromisso do vereador Raul Marcelo com a fiscalização dos gastos públicos e o combate à corrupção na cidade.

Primeira instância

No julgamento em primeira instância, em abril de 2024, Rodrigo Manga, o prefeito “TikToker”, perdeu a ação e Raul Marcelo saiu vencedor. A juíza Daniella Camberlingo Querobim destacou que não ficou comprovada a intenção de caluniar por parte do vereador, afirmando que “a realização de charges políticas para expressão de situações complexas é prática comum em jornais de grande circulação, e que as charges criadas pelo querelado apenas simbolizaram críticas políticas, não podendo ser consideradas crimes contra a honra”.

Raul Marcelo reforça que seguirá firme na fiscalização da gestão municipal, mesmo diante das tentativas de silenciamento. “Em vez de responder às denúncias, o prefeito prefere judicializar o debate para tentar calar quem exerce o controle social. Mas não vamos recuar na luta por transparência e pelo interesse da população”, conclui.