A Câmara Municipal de Sorocaba ficou lotada na noite desta sexta-feira (9/5) durante a audiência pública articulada pelo vereador Raul Marcelo (PSOL) para debater o Fim da Escala 6×1. O evento contou com a presença especial da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), autora da PEC 08/2025, além de representantes de sindicatos, trabalhadores e trabalhadoras, movimentos sociais e militantes em defesa da vida do povo trabalhador.
“Os dados e as pesquisas apontam que quase 70% da população brasileira concorda com a diminuição da jornada de trabalho”, disse a deputada Erika Hilton, que refutou os argumentos contrários à proposta.
“O debate de que a redução da jornada vai destruir a economia foi usado na época da abolição da escravatura, da criação da licença-maternidade, das férias, do 13º salário. Tudo isso aconteceu, e a economia segue de pé e firme”, afirmou a autora da PEC pelo Fim da Jornada seis por um.
Em pronunciamento feito recentemente no Dia das Trabalhadoras e dos Trabalhadores, o presidente Lula prometeu aprofundar o debate sobre a redução da jornada. “Está na hora de o Brasil dar esse passo, ouvindo todos os setores da sociedade, para permitir o equilíbrio entre a vida profissional e o bem-estar dos trabalhadores e trabalhadoras.”
A escala 6×1 — que obriga o trabalhador a cumprir seis dias seguidos de jornada com apenas um de descanso — tem sido alvo de críticas por favorecer a exploração da força de trabalho, provocar desgaste físico e mental e dificultar a organização da vida pessoal e familiar. Segundo Raul Marcelo, o modelo seis por um é exaustivo, viola o direito ao descanso e contribui para o adoecimento da classe trabalhadora. “Precisamos ampliar o debate e pensar alternativas que respeitem os direitos e a dignidade das pessoas que constroem este país com o seu suor todos os dias”, afirmou o vereador do PSOL.
A iniciativa de mudança na legislação surgiu do movimento “Pela Vida Além do Trabalho” (VAT), fundado por Rick Azevedo, ex-balconista de farmácia e atual vereador pelo PSOL no Rio de Janeiro. Em 2023, Azevedo viralizou nas redes sociais ao relatar sua rotina exaustiva, o que impulsionou a mobilização contra a escala 6×1. A proposta, levada ao Congresso pela deputada Erika Hilton, altera a Constituição para estabelecer uma jornada de até 8 horas diárias e no máximo 36 horas semanais, garantindo mais tempo para o descanso e a vida fora do ambiente de trabalho.
O debate tem ganhado força no país. Em Sorocaba, trabalhadores da empresa PepsiCo entraram em greve, em novembro de 2024, justamente contra as jornadas 6×1 e 6×2, denunciando a exaustão e a deterioração da qualidade de vida.
