De relógio doado por corte de Luís XIV a tela de Di Cavalcanti, veja lista com obras de arte danificadas em Brasília
Governo federal ainda avalia tamanho do prejuízo, já que há muitos objetos e arquivos em meio aos destroços deixados por terroristas.
9 Jan 2023, 09:47 Tempo de leitura: 4 minutos, 20 segundos![De relógio doado por corte de Luís XIV a tela de Di Cavalcanti, veja lista com obras de arte danificadas em Brasília](https://raulmarcelo.com.br/wp-content/uploads/2023/01/arte-2023-01-09t100228.066.webp)
O rastro de destruição deixado por terroristas nas instalações do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, provocou danos irreparáveis em obras de arte e patrimônios históricos de altíssimo valor. O levantamento com as perdas é provisório e está sendo atualizado, aos poucos, pelas peritos, já que muitos objetos seguem perdidos em meio aos destroços.
Há danos irreparáveis em itens como um relógio doado a Dom João VI pela corte real de Luís XIV, uma réplica da edição original da Constituição e uma tela com assinatura do artista Di Cavalcanti. A seguir, veja a lista preliminar divulgada pelo governo federal, nesta segunda-feira (9), com os artigos danificados.
Relógio doado por corte de Luís XIV
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Um relógio fabricado pelo francês Balthazar Martinot, com design de André-Charles Boulle, foi destruído pelos terroristas. A peça foi fabricada no fim do século XVIII e foi dada de presente para a família real pela corte de Luís XIV. O relógio foi trazido para o Brasil por D. João VI, em 1808. O objeto ficava no terceiro andar, onde está localizado o gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em todo o mundo, havia apenas duas peças. A outra está exposta no Palácio de Versalhes, na França.
‘A bailarina’, escultura de Victor Brecheret
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A escultura “A bailarina”, obra em bronze de Victor Brecheret, um dos expoentes do modernismo, foi retirada do local onde ficava exposta na Câmara dos Deputados. A peça está desaparecida.
‘As mulatas’, de Di Cavalcanti
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No Planalto, a tela “Mulatas”, de Di Cavalcanti, foi furada pelos invasores em seis pontos. Especialistas garantem que a restauração de uma tela como esta, datada de 1962, pode levar até 90 dias. O valor da obra é estimado em R$ 8 milhões.
‘Araguaia’, vitral de Marianne Peretti
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Em 1977, a artista Marianne Peretti usou vidro temperado e jatos de areia para produzir “Araguaia”, obra instalada no hall do Salão Verde da Câmara dos Deputados, em Brasília. A peça decorativa foi destruída pelos terroristas.
Mesa de trabalho de Juscelino Kubitschek
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A mesa de trabalho do ex-presidente Juscelino Kubitscheck “foi usada como barricada pelos terroristas”, segundo informações do Palácio do Planalto. O móvel histórico, projetado pelos arquitetos Oscar e Anna Maria Niemeyer, era exposto com isolamento no governo Dilma Rousseff, no salão nobre do segundo andar do edifício. Em 2017, sob críticas de especialistas em conservação, o governo Michel Temer cedeu a mesa para o ex-ministro Moreira Franco.
‘A Justiça’, escultura de Alfredo Ceschiatti
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A escultura “A Justiça”, de Alfredo Ceschiatti, foi pichada. Terroristas inscreveram a seguinte frase na peça: “Perdeu, mané”. A obra de arte em granito está instalada em frente ao prédio do STF, na Praça dos Três Poderes, e representa o poder judiciário como uma mulher com os olhos vendados segurando uma espada.
‘O flautista’, escultura de Bruno Jorge
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A escultura “O flautista”, do artista plástico Bruno Jorge, foi totalmente destruída pelos terroristas. A peça em bronze, datada de 1962, ficava exposta numa das salas do Congresso e era avaliada em R$ 250 mil. Bruno Jorge participou de movimentos antifascistas na Itália e foi extraditado para o Brasil, na década de 1930, graças ao então embaixador brasileiro no país europeu.
Brasão da República
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No STF, segundo apuração do GLOBO, a avaliação é que o dano ao patrimônio histórico é irreparável e que o prédio principal está “completamente destruído”. O brasão da República foi arrancado. Os terroristas também retiraram as cadeiras que os 11 ministros usam durante os julgamentos.
Bustos de personalidades históricas
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No prédio do STF, os danos também incluem o chamado “Hall dos Bustos”, onde havia bustos de figuras importantes da República, como o de Rui Barbosa, responsável pela criação da Corte no modelo atual, em 1890, e de Joaquim Nabuco, abolicionista.
Tapete de Princesa Isabel
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Entre itens de valor histórico danificados pelos vândalos também no STF, está um tapete que, segundo informações do Supremo, pertenceu à Princesa Isabel, filha do imperador D. Pedro II e responsável por assinar a Lei Áurea, que acabou com a escravidão no país.
Cadeira do STF, feita por Jorge Zalszupin
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A cadeira utilizada pela presidência do STF foi retirada do edifício e colocada na rua, onde terroristas posaram para fotos postadas nas redes sociais. A peça tem a assinatura do designer e arquiteto Jorge Zalszupin, expoente do modernismo brasileiro.
Exemplar raro da Constituição
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Um exemplar raro da Constituição foi roubado por bolsonaristas radicais do prédio do STF. O livro é uma réplica da edição original da Carta Magna. Imagens divulgadas nas redes sociais mostram terroristas que invadiram o Supremo com livro nas mãos.
Escultura de Frans Krajcberg
Uma escultura de Frans Krajcberg, avaliada em R$ 300 mil, também foi atingida pelos terroristas, em Brasília.